"Pés na terra, cabeça no cosmos, ilustra o que sou, o que vivo e o que penso", refere Espiga Pinto, evocando a atitude por si assumida já na década de 70, quando começou a introduzir a simbologia cósmica no seu trabalho. Desde então, tal temática acompanha-o constantemente manifestando-se através do desenho e da geometria. No seu atelier, esboços e estudos em várias escalas demonstram o rigor e a precisão que dedica com mestria à sua Arte.
A pintura em suporte de vários formatos, circular, em tríptico ou murais, evoca sob vários aspectos a memória de um passado, numa "viagem pela nossa portugalidade".
Uma referência permanente nas suas obras à poesia de Camões e aos relatos da nossa história, num fascínio pela leitura dos Lusíadas, que lhe vem da adolescência. A passagem do Cabo das Tormentas, ou o trecho do Canto X, em que as velas já viradas para ocidente, em regresso desejado, são alguns dos motivos inspiradores de uma viagem permanente pela epopeia marítima. Como se fosse o próprio artista que navegasse entre compassos, astrolábios e instrumentos de navegação ou observação astronómica, rodeado permanentemente de cálculos, linhas, círculos e diagonais, nas rotas possíveis por entre o desenho e a pintura. (. . .)